o peso do pássaro morto, aline bei

30 de novembro de 2021

 

imagem: lunetas.com.br

[contém spoiler] segundo o meu clube do livro, esse foi o livro mais triste que a gente leu esse ano de 2021. mas pela escrita perfeita da aline bei, ele também foi um dos nossos preferidos. o livro fala da morte, e fala da morte como algo que permeia a vida do ser humano. ele fala do encontro com ela desde criança, e mostra também como é importante a gente conversar de peito aberto e sem mentiras sobre isso com os pequenos, falando tudo na linguagem deles, lógico. 

"inspirado em um fato de sua infância, o livro de aline bei conta os impactos das primeiras perdas, ao acompanhar uma personagem dos 8 aos 52 anos. apesar de se tratar de uma obra voltada ao público adulto, diz respeito diretamente à criança (a que fomos e as que fazem parte da nossa vida), e pode ser uma leitura fundamental para quem lida com crianças e adolescentes, principalmente pelo grau de importância que a história dá a tudo aquilo que acontece nos primeiros anos de vida – na narrativa, essa é a base de uma série de acontecimentos que – é essa a impressão que fica – poderiam ter sido evitados." (lunetas)

também conversamos sobre a solidão da personagem, e como a nossa vida é frágil quando não temos algo ou alguém que nos acompanha e nos dê forças, alguém para conversar e confiar. a vida da nossa personagem é marcada por um grande trauma na adolescência. as cenas que lemos são agoniantes, principalmente para nós, mulheres. um estupro não denunciado, silenciado, que deixa feridas por toda a vida e fecha o seu coração para qualquer relação de carinho com outro ser humano, até o com seu filho; fruto desse crime. ela fica tão marcada que não consegue criar laço nenhum com o filho, com nenhum amigo ou amiga, nenhum coleca de trabalho... esse laço de afeto se cria para o vento, o cachorro que ela encontra na rua no caminho de visitar o filho depois de muito tempo. e ela volta para casa, para cuidar do vento.


a morte vai com ela sempre, ela fica cara a cara, ela entende todo aquela processo como parte da vida dela, do qual ela não consegue fugir. a aline bei consegue fazer com que a gente crie tudo em nossa mente e consiga enxergar a solidão. ela, merece todos os prêmios e todas as felicitações desse mundo, pois ela faz a gente ficar triste e se sentir bem por estar triste, pois estamos imersos naquelas páginas tão pesadas! eu me tornei fã dessa mulher, e prometo que durante a minha vida, vou ler tudo o que ela escrever. 


2022 o segundo livro dela "pequena coreografia do adeus" já está na lista de leitura e é um dos mais desejados. que coisa boa viver em uma época em que podemos ler a aline bei, me sinto privilegiada. 


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